terça-feira, 1 de novembro de 2011

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Viver, morar, habitar...o que posso chamar de meu lar?



O Projeto FNHIS em vários momentos...
Olá!
Recentemente trabalhei num Projeto Habitacional para a Cohab de Londrina, que conseguiu Recursos do Governo Federal do FNHIS (Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social) para Construção de Casas e equipamentos sociais em bairros carentes aqui da cidade. Uma equipe técnica foi contratada para Mobilização e Organização da Comunidade, Educação Sanitária e Ambiental e Geração de Trabalho e Renda. A Política de Habitação realmente deve ser prioridade nos governos, por se tratar de uma questão até mesmo de sobrevivência das pessoas. 
Durante este período, conversamos com moradores, visitamos outros projetos e serviços e conhecemos um pouco mais da realidade local. Neste bairro em especial, falta urgentemente uma Unidade Básica de Saúde e uma Escola Estadual para oferecer o ensino médio. Cheguei a conversar com uma mãe que disse que seu filho parou de estudar por não ter escola por perto e nem dinheiro para pagar condução para outra escola, "além de ser perigoso sair à noite neste local", segundo ela (SIC), que já teve um outro filho assassinado por se envolver com drogas e traficantes. Em outra ocasião, um menino de 12 anos, cujo irmão de 16 estava privado de liberdade por assassinato, também se encontrava fora da escola porque segundo ele, a professora disse que não havia mais vagas. A questão do tráfico de drogas também é bem presente na Comunidade, inclusive com o traficante sendo uma reconhecida liderança local, que ajuda os moradores, proíbe chamar a polícia, pune quem acha que deve, influencia e coage os habitantes.
Identificamos também muitas crianças sem atividades em seu contra turno escolar, expostas nas ruas. O único Projeto Social de Convivência Sócio Educativa para crianças e adolescentes, o Viva Vida, que atende 185 pessoas, já está lotado e com uma fila de espera de 140 crianças. Enfim, os desafios são enormes.
A Comunidade tem vida própria, tem sua própria identidade, seus costumes, suas crenças, suas características próprias.
Ter uma casa habitável é o mínimo que o ser humano precisa para se desenvolver em outros aspectos de sua vida. Ela não precisa ser luxuosa, nem ostentar obras de arte e outros adereços e quipamentos supérfluos. Mas ela deve dar condições para seus moradores imprimirem nela a sua identidade, os seus gostos e preferências, ela deve abrigar da chuva, do frio, do calor, fazer com que se sintam seguros. É muito bom voltar para casa, porque ela significa lar, descanso, tranquilidade, o melhor lugar do mundo. Infelizmente, temos muitos iguais sobrevivendo em locais péssimos, expostos a riscos de incêncio, doenças, desabamentos e mais doloroso ainda, muitas crianças crescendo assim, nessas condições, enquanto nossos três poderes ganham salários pomposos e brigam por reajustes dos mesmos, esquecendo que pouquíssimos tem os mesmos privilégios. Talvez nenhum político tenha visitado os lugares que visitei, o que é escandaloso.
Foi mais uma incrível experiência, onde conheci outros ótimos profissionais e fiz boas amizades, em especial, às colegas Roseli, Janer e Gustavo, que não vou esquecer jamais.
E a vida segue, com outros desafios por vir.
A equipe saindo para um mutirão 




4 comentários:

Margot Félix disse...

Imagino que de experiências assim nós só podemos sair mais ricos, não é? Muito bacana!

Bjos!

Gisley Scott disse...

Amo posts assim! Eles me acordam pra vida e me dão um tapa na cara, mostrando o quão a minha vida é boa! Obg por essa surra :)

Lilian disse...

Patrícia,
Adorei as fotos e o sorrisão largo! Um trabalho bonito pelo qual tenho o maior respeito.
Que os desafios sejam superados com muita coragem, força e positividade!

Lilian disse...

Oi, Patrícia
Sou eu de novo. Passei aqui para te desejar um super 2012, com tudo o que vale a pena!
Adorei o nosso contato virtual esse ano. Te conhecer um pouco através do blog foi uma grata surpresa.
Um beijo e tudo de bom

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