domingo, 9 de outubro de 2011

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O dia em que fui chamada de Senhora... Duas vezes


Sabia que esse dia seria inevitável, um dia ele chegaria. Não precisava ser tão rápido. Espera aí, Patrícia, envelhecer faz parte da vida, todo mundo envelhece, e ainda bem que chegamos lá. Tudo bem, mas como uma vaidosa autêntica mulher, gostaria que o tempo passasse sim, que continuássemos fazendo aniversários, com direito a bolo, velinhas e brigadeiro (não pode faltar!), mas que na aparência permanecêssemos com vinte anos, que tal?

Era uma bela manhã de sexta feira, dia de primavera, saio para minhas obrigações matinais. Chegando à clínica de radiologia, depois de algum tempo na sala de espera, tendo que escolher entre as Revistas Caras do mês de agosto ou a de setembro (torturante escolha!) – “Não tem nenhuma revista para LER?” pensei - Fui chamada, era a minha vez.

Como se não bastasse os desconfortos de se tirar uma documentação dentária: Coloca-se um molde de metal, cheio de uma massa esquisita sabor “chiclete”, ficando com isso na boca por alguns minutos, que sem brincadeira, quase obstruiu minha garganta, tive que ouvir a temível frase: Agora a SENHORA pode se sentar aqui. “O quê?”, “Ãhn?” - pensei comigo... Olho para os lados: ninguém. Era comigo mesmo. Tudo bem, já haviam me chamado de Senhora antes, sobretudo depois que me casei. Com uma aliança deste tamanho no dedo anelar toda senhorita vira senhora mesmo, é até legal. Tudo bem.

Saindo de lá, resolvo passar numa Banca de Revistas: dirijo-me na que eu queria (que não era a Caras!), peguei-a, fui até o Caixa e ao receber o troco, agradeço dizendo: -“Obrigada!”, ao que o jornaleiro respondeu: - “Obrigada a SENHORA!”.  Não, aí foi demais, ser chamada de Senhora duas vezes em menos de uma hora?!?!,  “Deve ser porque estou sem batom, justifiquei”... ”fico com uma cara meio pálida sem batom...” Ou será o cabelo amarrado?”... Já havia me acostumado com o fato de não ser mais menina (é... já algum tempo) desde o dia em que os meninos da rua brincavam de bola e ao passar por eles um deles falou: - Cuidado com a mulher! Ou quando começaram a me chamar de tia.

Bem, depois dei risada de mim mesma e decidi achar graça disso e curtir cada momento (e cada ruga) da vida. Aceitar o fato e se aceitar como é ou como será faz parte de uma boa qualidade de vida, não é mesmo?...SENHORA Patrícia.


Envelhecer faz parte da vida e é um processo mais do que natural. É um assunto que enquanto somos jovens, não pensamos, mas é importante tomar algumas atitudes hoje, para que tenhamos mais qualidade de vida e bem estar na terceira idade, chamada agora de melhor idade. Bons hábitos ajudam nesse processo, como uma boa alimentação, comer muitas frutas e verduras, menos carne vermelha e gorduras, menos frituras, bastante derivados do leite para fortalecer os ossos contra a osteoporose, não fumar, não ingerir bebidas alcoólicas e aderir a práticas de exercícios físicos são um bom começo. Também o cérebro precisa de constante exercício, assim como o corpo. Leituras, palavras cruzadas, aprender coisas novas, criar um Blog, ter um “hobbie”, tudo isso ajuda na atividade mental.
Estar de bem com a vida, com as pessoas, com a natureza, ter um bicho de estimação (que comprovadamente faz seus donos adoecerem menos), enfim, evitar o mau estresse, que é quando a pessoa fica nervosa, ansiosa, preocupada, com pensamentos negativos, quando cria hábitos viciosos ou quando não consegue mais se relacionar de modo saudável com as outras pessoas. Se doar e fazer o bem para os outros, também é uma boa maneira de se sentir feliz, quando queremos o bem para os nossos semelhantes. Existe o bom estresse, que é aquele que nos move, que nos impulsiona. É uma energia que precisamos para conquistar nossos ideais, nossas metas e objetivos. É uma ansiedade controlada, que te faz mover para alcançar seu alvo.
Bem, que envelheçamos com dignidade, com responsabilidade, com vaidade sim, porque não? Toda mulher é bonita a seu próprio modo e em qualquer idade ela pode ter a beleza de se gostar, de se cuidar, de cuidar dos que ama e de viver com intensidade e aprendizado em qualquer tempo. Intervenção cirúrgica vale? Vale, quando é pensado, discutido, na medida certa e na hora certa, dentro das possibilidades de cada uma. Hoje, dispomos de muitos tratamentos bacanas e que valem a pena. Um brinde à nossa maturidade e ao curso natural da vida. E você, como encara essa questão?


O coração não tem rugas. (Madame de Sévigné)

Para Assistir: O Curioso Caso de Benjamim Button: filme com Brad Pitt, em que ele nasce velho e vai ficando novo conforme o tempo passa. É bem bonito e reflexivo.
 

8 comentários:

Erika disse...

Ai, ai e eu que levei um século para olhar para uma criança me chamando de tia essa semana, a ficah não caía que era comigo rsrsrs

Lilian disse...

Oi, Patricia
Meu avô me deu um bocado de inspiração para enfrentar a velhice. Sua atitude foi bonita até o fim e me fez ver a idade com outros olhos. Espero poder colocar em prática o que aprendi com ele e envelhecer com alguma graça.
Bjs

Margot Félix disse...

Oi, "senhora" Patrícia!
Que bonita reflexão você fez sobre a velhice.
Sobre ser chamada de senhora, acho bonitinho quando uma criança me chama assim, mas se for alguém da minha idade, não gosto. Vaidades, mesmo!
=)

Tenho uma dica de filme legal, sobre dois idosos viúvos que se apaixonam: "Elsa E Fred". Muito divertido e poético também. Vale a pena!

Um beijo e vamos curtir o dia das criança! =)

Anônimo disse...

Eu realmente detesto ser chamada de "senhora", mas fico bastante satisfeita de retribuir essa demonstração de respeito a quem me chama assim, só para ver a cara de tacho das idiotas.

Anônimo disse...

Sou jovem e bonito, e várias vezes me chamaram de senhor, só que dou o troco na hora, chamo de senhor ou senhora também, as vezes até invento alguma coisa só pra dar o troco he he

Unknown disse...

Depois do meu segundo filho muitas pessoas tanto jovens como velhos me chamavam de senhora, eu fiz 36 anos..eu acho que senhora começa depois dos 50 e olhe la....não sei se é porque eu engordei muito e tinha muita olhera, eu trabalhava e estudava...e ainda fazendo tcc...o pior é que um senhor mais velho que o meu pai veio me chamar de senhora...eu retribui e disse que eke era mais velho que meu pai....
se vc é cliente e entra em algum estabelecimento e te chama de senhora isso é normal, porque são regras do estabelecimento, principalmente em laboratorios e hospitais...
mas quando vc é o funcionario do estabelecimento e o cliente te chama de senhora isso é extremamente desagradavel. pergnte o nome da pessoa ou olhe para o crachá sempre tem o nome...

kay wilbury disse...

Tratamento de "tia" eu não tolero mesmo, nem sequer de crianças maiorezinhas conhecidas minhas, filhos de amigos, menos ainda de pessoas crescidas. Não gosto, além de ser uma intimidade forçada, que eu não pedi, acho uma forma grotesca de rotular, estereotipar pessoas, no caso mulheres, e nesse sentido o rótulo "tia" me trás à mente uma imagem de mulher que nada tem a ver comigo, não me representa, portanto não me reconheço. O fato de ser mais velha não me transforma automaticamente numa "tia". Esse tratamento deve ser restrito a pessoas mais próximas e que ainda assim deem abertura para isso e se sintam bem com o tratamento. Não é meu caso.
Quanto ao "senhora" eu estou igual o anonimo aí de cima. Nesse caso é apenas um tratamento formal, de praxe, tentativa de ser educada e agradável com pessoas adultas que não se conhece e nesse caso acho normal, sem problema, afinal sou uma mulher adulta não uma menina ou adolescente. Mas nesse caso eu sempre retribuo o tratamento, chamo de volta "senhor" ou "senhora". A não ser que seja alguem que tenha ou aparente no máximo uns 22, 23 anos, por aí, cara de colegial, senão fica estranho.
Tem gente que fica intrigada, desconcertada, faz uma cara de desgosto mas ninguém questiona. Se me questionar vou dizer "retribuindo a gentileza, ora", hehehehe...
O que incomoda é ser a única num grupo de pessoas que nem são tão mais novas que eu(ou que tenham aparencia pior que a minha mesmo sendo mais novas) a ser tratada por senhora.
Ou quando alguém vem descrever para mim a quantidade de pessoas que estão me esperando na sala e diz assim: tres homens, cinco mulheres e duas senhoras. P...não são todas as sete mulheres??? Aliás, detesto a expressão "aquela senhora", notícias como "senhora de 62 anos é assaltada"...Qual a diferença? Existe por acaso idade em que alguém deixa de ser mulher? Claro, quando vai se dirigir diretamente à pessoa, usa-se o "senhora" até porque não se sabe como ela gosta de ser tratada no dia a dia, vai que fica ofendida em ser tratada por "você" por desconhecidos, mas em terceira pessoa, qual o problema em se dizer "aquela mulher", "mulher de 62 anos..." Afinal não é o que de fato são, sendo apenas mais velhas? Às vezes, o "senhora" usado assim como rótulo despersonaliza a pessoa, parece que não a considera uma mulher, especialmente quando se está na faixa dos 30 e poucos, 40, 50 e poucos anos, é como ser colocada no mesmo saco de mulheres muito idosas.
Complicado, para mulheres, a palavra senhora pode trazer uma carga muito pesada, envolve sexualidade, é diferente para homens e mulheres. Quando atingirmos a igualdade, vai demorar eu sei, quem sabe as coisas não ficam mais leves?

Pixxuxxa disse...

Parabéns!!!! Uma visão incrível sobre o fato de amadurecer.

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